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No meu útero mando eu

por Miss F, em 10.11.15

Eu acho que já falei disto por aqui, mas esta semana tive uma discussão (saudável) com um colega e, mais uma vez, confirmo que as pessoas têm dois problemas fundamentais. O primeiro é que não respeitam que as pessoas pensem de forma diferente, nem é discordar, sou da opinião que concordar em discordar é muitas vezes o melhor entendimento, é simplesmente recusar que uma pessoa possa ter uma opinião diferente sobre um assunto. O outro problema, que acaba por derivar deste, é não entenderem que as mulheres não são todas iguais nem pensam todas da mesma forma.

 

A questão era casar e ter filhos. Eu disse que não queria casar nem ter filhos. Como já devem ter percebido tenho uma relação duradoura com a pessoa com quem quero construir uma vida. Mas essa vida não tem de incluir casar e ter filhos. A minha opinião sobre o casamento é muito controversa (pelo menos no meu círculo de amigos), eu acho que quanto maior e mais exuberante é a festa, menor é a duração do casamento; gasta-se um dinheirão, por mais low-cost que seja, que dava perfeitamente para fazer uma ou duas viagens; e, por fim, os noivos têm mais preocupações do que proveito. Quanto a filhos remeto-vos para aqui e ficam logo a par da situação. Face a esta minha opinião a conversa desenrolou-se mais ou menos assim:

 

Colega - Mas não podes pensar assim!

Eu - Ai não? Qual é a lei que diz que não posso?

Colega - Oh as pessoas mudam de opinião. Há quanto tempo tens essa opinião?

Eu - Desde que me lembro que sempre disse que não queria casar nem ter filhos, devia ter uns sete anos quando comecei a dizer isto pela primeira vez.

Colega - Ah mas ainda mudas de opinião.

Eu - Repara, desde pequena que sempre ouvi que quando tivesse um namorado a sério ia mudar de opinião. Tenho um namorado a sério, há muito tempo, e continuo a ter a mesma opinião.

 

Eu já perdi a conta à quantidade de pessoas que tentaram fazer-me mudar de opinião (e não conseguiram). Sempre que estas conversas surgem eu até evito dizer logo o que acho, mas esse momento chega sempre. O mais engraçado é que são maioritariamente os homens que se insurgem contra esta minha forma de pensar, as mulheres entendem que somos todas diferentes. E, naturalmente, perguntam sempre o que o moço acha, porque de certeza que ele quer ter filhos. A minha resposta é sempre a mesma - acham que numa relação de sete anos nunca falamos sobre isto? Nem chegamos a um entendimento? E, em tom de brincadeira, digo sempre que se ele quer ter filhos, arranje outro útero, este é meu e eu é que mando nele.

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publicado às 18:33

Abortar ideias

por Miss F, em 25.06.15

Há assuntos que me tocam particularmente. Nunca fiz um aborto, conheço quem tenha feito e conheço quem não tinha tido coragem de fazer. Nunca tendo recorrido gosto, ainda assim, de ter essa possibilidade. Tenho uma relação estável e duradoura, tomo os devidos cuidados, mas ainda assim pode acontecer e tranquiliza-me saber que, se o resto falhar - porque nada é 100% seguro, exepto a abstinência - posso solucionar o problema. Aqui começa o debate sempre que tenho esta conversa com amigos. Sim, para mim engravidar seria um problema, dos grandes. Não quero ser mãe, nunca quis ser mãe e não me vejo a ser mãe. Muito menos de uma forma não planeada. O que me chateia em Portugal é que volta e meia isto volta a ser tema. Foram poucas as vezes que se usou o referendo neste país, mas referendou-se o aborto e a maioria das portugueses considerou que as mulheres devem ter o dreito de escolha. Isto devia ser suficiente para acabar com a conversa, mas não. Em primeiro lugar acho que este é um tema que só toca a mulheres, aquela história de também é pai não me convence. Sim, é verdade que sem ele não há gravidez mas se a mulher não quiser ser mãe é ela que vai carregar nove meses com a criança, é ela que vai passar pelos enjoos, pés e pernas inchados, a dor do parto, etc, porque ele quer. Eu sou apologista de O corpo é meu sou eu que decido. Ponto.

 

Vamos então ter novo debate no Parlamento, desta feita para se discutir a hipótese de a mulher ser obrigada a ver e assinar a ecografia antes de prosseguir com a IVG, bem como considerar esta como um qualquer outro acto médico, logo um acto pago. Quanto a ver a ecografia, já não é suficiente a carga emocional (provocada também pela desregulação de hormonas que acompanha a gravidez) de fazer um aborto? Vamos dificultar ainda mais a situação só pelo "Direito de Nascer"? Estamos a falar de uma coisa do tamanho de um feijão, que ainda não tem cérebro nem sentimentos. Depois é a questão de ser um acto pago. E as pessoas que optam pela IVG porque não tem condições financeiras para sustentar uma criança, vão tê-la porque não podem pagar a IVG e assim ir criando aos poucos mais problemas em cima de outros que podiam ser evitados? Já me cansam estes movimentos pró-vida que querem impor à força a sua opinião. Não querem fazer abortos? Não façam, são livres de ter 5, 10, 15 mil filhos se assim o entenderem. Mas não tentem dificultar a vida a quem teve não quer e por alguma razão aconteceu. A escolha é de cada uma, respeitem pelo menos isso.

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publicado às 09:38


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