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Tenho opiniões sobre muita coisa, gosto de discutir ideias e gosto de ler. Como já ninguém me ouve, decidi começar a escrever. Não me levem muito a sério.
Há assuntos que me tocam particularmente. Nunca fiz um aborto, conheço quem tenha feito e conheço quem não tinha tido coragem de fazer. Nunca tendo recorrido gosto, ainda assim, de ter essa possibilidade. Tenho uma relação estável e duradoura, tomo os devidos cuidados, mas ainda assim pode acontecer e tranquiliza-me saber que, se o resto falhar - porque nada é 100% seguro, exepto a abstinência - posso solucionar o problema. Aqui começa o debate sempre que tenho esta conversa com amigos. Sim, para mim engravidar seria um problema, dos grandes. Não quero ser mãe, nunca quis ser mãe e não me vejo a ser mãe. Muito menos de uma forma não planeada. O que me chateia em Portugal é que volta e meia isto volta a ser tema. Foram poucas as vezes que se usou o referendo neste país, mas referendou-se o aborto e a maioria das portugueses considerou que as mulheres devem ter o dreito de escolha. Isto devia ser suficiente para acabar com a conversa, mas não. Em primeiro lugar acho que este é um tema que só toca a mulheres, aquela história de também é pai não me convence. Sim, é verdade que sem ele não há gravidez mas se a mulher não quiser ser mãe é ela que vai carregar nove meses com a criança, é ela que vai passar pelos enjoos, pés e pernas inchados, a dor do parto, etc, porque ele quer. Eu sou apologista de O corpo é meu sou eu que decido. Ponto.
Vamos então ter novo debate no Parlamento, desta feita para se discutir a hipótese de a mulher ser obrigada a ver e assinar a ecografia antes de prosseguir com a IVG, bem como considerar esta como um qualquer outro acto médico, logo um acto pago. Quanto a ver a ecografia, já não é suficiente a carga emocional (provocada também pela desregulação de hormonas que acompanha a gravidez) de fazer um aborto? Vamos dificultar ainda mais a situação só pelo "Direito de Nascer"? Estamos a falar de uma coisa do tamanho de um feijão, que ainda não tem cérebro nem sentimentos. Depois é a questão de ser um acto pago. E as pessoas que optam pela IVG porque não tem condições financeiras para sustentar uma criança, vão tê-la porque não podem pagar a IVG e assim ir criando aos poucos mais problemas em cima de outros que podiam ser evitados? Já me cansam estes movimentos pró-vida que querem impor à força a sua opinião. Não querem fazer abortos? Não façam, são livres de ter 5, 10, 15 mil filhos se assim o entenderem. Mas não tentem dificultar a vida a quem teve não quer e por alguma razão aconteceu. A escolha é de cada uma, respeitem pelo menos isso.