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Piropeando a justiça

por Miss F, em 28.12.15

Esta história dos piropos é tão estúpida que eu queria dizer alguma coisa inteligente sobre o assunto mas simplesmente não dá. Já existe no código penal, ou coisa que o valha, o direito ao bom nome e as injúrias já estão aqui contempladas. Havia necessidade de alterar a lei para contemplar coisas como 'Oh jóia anda cá ao ourives?' 'Oh estrela queres cometa?' e outras que tais? Sim, eu sou mulher e por vezes há piropos pouco oportunos e sinceramente reveladores de má educação. Mas eu vou perder tempo a ir à esquadra queixar-me ao senhor agente que um velho bêbado me disse que me fazia um pijaminha de cuspo? Ganhem juízo!

 

Em vez de fazerem novas leis e alterações com coisas parvas, tenho uma sugestão senhores juristas e juízes: façam cumprir as que já existem. Expliquem-me como é que um rapaz de 21 anos é condenado em Julho pelo crime de violação ficando a pena suspensa, em Dezembro volta ao tribunal pelo mesmo tipo de crime e volta a ser condenado e a pena a ficar suspensa (sendo que a juíza ainda diz "Se voltar a tropeçar vai cumprir a pena, mas na prisão" - notícia completa aqui) e depois alteram o código penal para uma merdice destas??? Se as pessoas não são presas por EFECTIVAMENTE violarem vão ser presas por dizerem 'Come to me que eu como-te a ti'?

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publicado às 19:02

Ainda os refugiados

por Miss F, em 10.09.15

Fiquei surpreendida quando o Sapo destacou o meu post sobre a crise dos refugiados, até porque o fez passado algum tempo de o ter escrito, e isso trouxe mais pessoas ao meu blog (a todos agradeço a visita e os comentários, independentemente de concordarem ou não). Continuo a ter a mesma opinião - devemos ajudar os refugiados. Como? Com conta, peso e medida. Muitas pessoas não estão a par dos procedimentos que envolvem um pedido de asilo - podem ler este guia do SEF que explica os passos a tomar. Se em países como Alemanha, Áustria ou Inglaterra onde os refugiados chegam aos milhares, todos os dias, é mais difícil controlar acho que em Portugal não vai ser assim tão complicado lidar com o fluxo de refugiados. Ademais, aqueles que queiram usufruir das condições especiais para os refugiados têm de seguir este processo e submeter-se às leis portuguesas, como todos nós. Não, não me considero uma pessoa ingénua e sei que há muitos que podem não vir por bem, sei que podem haver terroristas pelo meio e que é difícil garantir o controlo a 100%. Mas em algum sítio vivemos 100% seguros? Há sempre crime e insegurança, isso é uma certeza da convivência humana. Logo, a todos aqueles que não aceitem submeter-se às nossas leis nem queiram ser registados como refugiados, lamento mas voltem para a terra de onde vieram.

 

Tenho observado, com alguma estupefacção, a partilha de vídeos que visam mostrar como os muçulmanos são maus. Vi reportagens que já têm ANOS de existência, onde a violência é cometida por muçulmanos que NASCERAM nos países onde os vídeos se registam. Vejo vídeos onde só mostram a parte que interessa para defender que não devemos receber refugiados na Europa; depois, quando vamos ver os vídeos na íntegra afinal aquilo não foi nada assim. Mais, há actualmente um grupo no Facebook que está a organizar uma manifestação contra a vinda de refugiados que já conta com quase 17 mil - DEZASSETE MIL - pessoas. Já ouvi gente dizer 'é bem feito que venham e façam um atentado, depois aí é que eu me rio'. Gostaria de ouvir as gargalhadas se perdesse um familiar. Esta gente tem noção das barbaridades que diz?

 

Mas aquilo que me faz mesmo muita confusão e me deixa verdadeiramente triste é a falta de solidariedade dos portugueses. Tenho visto por todo o lado argumentos como 'Vêm roubar trabalho'; 'Devíamos era ajudar os nossos'; 'Eles só estão bem a destruir tudo, são todos terroristas'. Se um sírio, sem falar português e sem conhecimentos, conseguir roubar o trabalho a um português isso não abona em nada a favor do português. Ajudar uns não implica deixar de ajudar os outros - isso é como dizer que não se deve ajudar animais porque há pessoas a passar fome. Eles estão a fugir disso mesmo, de terroristas. Gostam tanto de levar com bombas como nós, daí estarem a F-U-G-I-R!!

 

Peço a todos os que estão a ler este texto que parem um minuto e respondam a esta questão: O que acham do Holocausto durante a II Guerra Mundial?

 

Já responderam?

 

Agora respondam a esta: Daqui a 50 anos querem ser lembrados como aqueles que não evitaram a morte de milhares de pessoas por acharem que vos vinham roubar o trabalho? Ou querem ser lembrados como aqueles que acolheram famílias desfeitas que estavam a ser chacinadas no próprio país? 

 

Sim, também sei que neste caso os riscos securitários são superiores, daí que seja a favor de um controlo restrito de quem vem. Mas isso é diferente de deixar afundar barcos só porque vem lá o Papão do Islão.

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publicado às 23:59

Uma questão de terminologia

por Miss F, em 21.08.15

No fundo os refugiados são migrantes, na medida em que saem de um sítio para irem para outro. Mas vão para outro sítio em busca de refúgio, logo o drama na Europa é de refugiados e não de migrantes.

 

Este é um tema que tenho acompanhado de perto, desde que os refugiados iam até Lampedusa. Na altura outros países da Europa achavam que a Itália tinha de reforçar as fronteiras mas poucos se mostraram disponíveis para ajudar a Itália - porque o problema era deles. Aquilo que já se previa era que os refugiados não se iam ficar pela Itália e agora temos em Calais o resultado da União Europeia em geral (e certos países em particular) ter ignorado por completo este problema. Agora o Sr. Cameron (e eu até simpatizo com o senhor) já acha que se deve fazer alguma coisa. Já era tempo dos países da União Europeia perceberam que a União Europeia não são os outros, somos todos nós e devíamos cada vez mais pensar em conjunto. Porque é mais o que nos une do que aquilo que nos separa.

Na minha perspectiva devíamos começar por chamar as coisas pelos nomes - refugiados e não migrantes-, reforçar as fronteiras nas zonas mais problemática (Grécia e Itália) e tentar que os países da União recebam condignamente os refugiados, na medida das suas capacidades, mantendo a solidariedade para com estes povos e não esquecendo que a Europa nem há cem anos também viveu uma guerra. Mas isto só pode ser feito de forma conjunta.

“We are only as strong as we are united, as weak as we are divided.”

 

Nota: Quem souber de quem é esta citação ganha um prémio.

Vá, ganha uma menção honrosa neste meu canto, também já não é mau. 

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publicado às 16:42

Tiros na cabeça

por Miss F, em 26.03.15

Mais uma vez a questão da homosexualidade volta a estar em destaque e, como já vem sendo habitual, não é pelas melhores razões. Pois que um advogado na Califórnia avançou com uma proposta de lei (que podem ver aqui) que prevê a morte de gays e lésbicas. Com um tiro na cabeça. Coisa pouca! Numa altura em que todos os dias aparecem notícias de execuções do ISIS que chocam o mundo, aparece este perfeito anormal a sugerir a execução de homossexuais. 

 

As questões da orientação sexual chateiam-me. Chateiam-me porque o que me interessa se A, B ou C dormem com um homem ou com uma mulher? Eu sou heterossexual, gosto de homens, ficava bastante chateada se alguém me dissesse 'Olha agora tens de passar a gostar de mulheres, é o que está certo'. Nada contra quem gosta, mas não faz o meu estilo. Logo, porque é que a sociedade se arroga o direito de definir quem gosta do quê?

 

Falemos dos dois argumentos mais usados. Deus não permite. Oi? Quem é Deus? Eu não sei, nunca o vi nem sequer acredito que exista. Mas mesmo que exista, nunca ninguém o ouviu dizer isso, nem ele tem mais direitos sobre mim do que eu. É contranatura. Não, não é. Os golfinhos fazem parte da natureza, apesar de procriarem com golfinhas têm sexo por prazer entre golfinhos, entre machos. Dado que o sexo não é exclusivamente para procriar, mas maioritariamente por prazer, qual é a parte contranatura de se obter prazer da forma que mais se gosta? Se até os animais têm relações dentro do mesmo sexo porque é que os humanos gostam de catalogar e definir o que é certo e errado? Para mim, errado é matar. Nomeadamente com um tiro na cabeça.

 

Estas manias de definir certos e errados dão cabo de mim. Ide obter prazer com quem gostais e deixai que os outros o obtenham como melhor lhes aprouver.

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publicado às 20:54

Saiu recentemente (em Outubro sensivelmente) a notícia que o MNE ia abrir concurso para estágios profissionais em Março. Desde que acabei a licenciatura, em 2012, é a primeira vez que o fazem. No meu actual trabalho o contrato acaba em Maio (sem hipótese qualquer de renovação, como em todos os sítios no fundo) e pensei que esta podia ser uma boa oportunidade de trabalhar na minha área de formação, Relações Internacionais. As candidaturas abriram na segunda-feira e ontem registei-me no site e iniciei o processo de candidatura. Preenchi os meus dados pessoais, habilitações académicas e para avançar aparecem alguns itens tipo termos e condições e deparo-me com a alínea d), ponto 2:

 

"[Declaro que] não exerci uma ou mais atividades profissionais por um período seguido ou interpolado, superior a 12 meses"

 

Esta alínea exclui-me de me candidatar a um estágio na minha área porque, admirem-se, desde que acabei a licenciatura, HÁ 3 ANOS, tive de trabalhar. Coisas da vida, ter de trabalhar para viver. Ter contas para pagar, tirar uma Pós-Graduação e, sei lá, comer, obrigaram-me a trabalhar num sítio com condições precárias, a fazer uma coisa que não gosto. E sou prejudicada por isso. Mas após 8 meses de desemprego tive de aceitar o que havia. Isto leva-me a concluir que estes estágios são apenas para quem, aos 22 anos (tendo iniciado a licenciatura aos 18 e feito tudo certinho) nunca teve de trabalhar, excluindo assim aqueles que tiveram de pagar os estudos e aqueles que, sem perspectivas de trabalhar na área, tiveram de se fazer à vida nos entre-tantos (duas situações em que me incluo). Acho que vai ser um desafio encontrar pessoas até aos 30 anos que nunca tenham trabalhado um ano. Ou não, se formos procurar camadas da sociedade mais abastadas onde as pessoas não são obrigadas a trabalhar se querem estudar. E atenção que não tenho nada contra estas pessoas, acho que, se podem, devem aproveitar a situação. Mas acho injusto que eu (e a maioria dos meus colegas que acabaram o curso em 2012 e 2013) não possa concorrer a um estágio na minha área porque trabalhei noutras áreas para ter dinheiro. Sim, podem-me dizer que um estágio é para quem não tem experiência, é para aprender. Mas de facto eu na minha área não tenho experiência nenhuma. E se calhar nunca vou ter neste país onde os regulamentos e portarias estão muito longe da realidade.

 

Mas pode ser que um dia ainda possa vir a trabalhar na área. Quiçá lá fora.

 

Portanto deixo um apelo sentido: jovem que nunca trabalhaste, se ambicionas começar a tua actividade profissional agora que já estás crescido, aproveita, este estágio é para ti!!

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publicado às 18:36


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