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Tenho opiniões sobre muita coisa, gosto de discutir ideias e gosto de ler. Como já ninguém me ouve, decidi começar a escrever. Não me levem muito a sério.
Aproveitei a última Feira do Livro de Lisboa para colmatar uma falha nas minhas leituras - Gabriel Gracía Márquez. Admito que, durante muito tempo, lia essencialmente autores anglo-americanos e portugueses, mas tenho vindo a aventurar-me por outras terras e realmente nota-se que há uma diferença grande entre autores de diferentes línguas e países. Tenho descoberto outros mundos e encontrado autores que me deixaram rendida à sua escrita, nomeadamente Murakami, Carlos Ruiz Zafón e, agora, Gabriel García Márquez.
Quando quero ler um autor novo procuro ler uma das suas obras mais conceituadas, neste caso escolhi o Cem Anos de Solidão (link para a sinopse na imagem) para começar.
Quando acabei o livro a minha reacção foi 'Como cheguei aos 25 anos sem ler García Márquez?'. O livro é bom, muito bom, a escrita é deliciosa, a história não tem nada de extraordinário, mas tudo se desenrola de uma forma tão natural e as personagens são tão interessantes que não dá para evitar ficar rendida à história dos Buendía. O livro tem como uma das personagens principais Úrsula, uma mulher forte e determinada, e este tipo de personagens femininas criam em mim um carinho especial. Gosto de mulheres fortes, com pêlo na venta.
O livro é, por vezes, confuso uma vez que os filhos dão o nome dos avós aos netos, numa sucessão interminável, e acabamos por conhecer vários Josés Arcádios e vários Aurelianos, duas Amarantas e duas Remédios, logo, quando paramos a leitura e a reiniciamos temos de fazer ali uma pausa mental para saber em que geração estamos. A propósito de nomes este tem, para mim, o melhor nome que já vi e, infelizmente, só aparece uma vez: Tranquilina Maria Miniata Alacoque Buendía. Nomes destes fazem-me sempre soltar uma gargalhada (sim, sou de riso fácil). O livro tem poucos diálogos e poucos parágrafos o que, para uns pode ser maçador, mas dá maior fluidez à escrita; quanto à minha visão, estou habituada a este tipo de escrita e acho que há livros que pedem este tipo de escrita - este é um deles.
Termino a minha opinião dizendo que este é um daqueles livros sobre nada e sobre coisa nenhuma, mas que nos prende à força das suas personagens, tão iguais e tão diferentes entre si.