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Tenho opiniões sobre muita coisa, gosto de discutir ideias e gosto de ler. Como já ninguém me ouve, decidi começar a escrever. Não me levem muito a sério.
Não dá para escapar ao assunto do dia - o Eusébio vai para o Panteão. Se foi um grande jogador? Foi sim senhor. Se foi um grande homem? Não sei, se calhar até foi mas eu nunca o vi fazer nada tão extraordinário para que mereça estar no sitio dos deuses. Ele não é um deus, foi um mero jogador de futebol. Ele não contribuiu em nada para melhorar Portugal. As pessoas andam a confundir importância histórica com mediatismo. E isso é uma coisa que me chateia, aborrece-me. Depois temos a questão do clubismo, se calhar só os benfiquista e meia dúzia de sportinguistas/portistas é que consideram que ele deve receber tais honras. Eu, como "ateia" ao nível de futebol nacional, sinto-me confortável para explorar o assunto sem condicionalismos de ordem clubística. Vi, na altura, que muitos benfiquistas de relevo na sociedade, ainda o corpo estava quente, já diziam que tinha de ir para o Panteão. E isto cheira-me que não é só porque acham sinceramente Eusébio digno desta honra, não consigo evitar pensar que há uma certa vitória moral ao estilo 'Nós temos um jogador no Panteão e os nossos rivais nunca vão ter'. Independentemente da sua proeminência enquanto jogador da selecção a verdade é que Eusébio é, acima de tudo, um símbolo do Benfica.
As honras do Panteão destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade (retirado daqui)
Querem enquadrá-lo na expansão da cultura portuguesa, mas para mim chutar uma bola não é cultura. Cultura é arte - a literatura, a pintura, a música. Logo, se desporto não é cultura e se Eusébio se distinguiu no desporto não tem lugar no Panteão. É uma conclusão simples, mas que lá vai, lá vai.