Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Tenho opiniões sobre muita coisa, gosto de discutir ideias e gosto de ler. Como já ninguém me ouve, decidi começar a escrever. Não me levem muito a sério.
Roma é uma cidade cheia de igrejas e, ao visitar algumas (como a Santa Maria dei Miracoli e a Basílica de São Pedro) dei por mim a reflectir sobre a religião. A grandiosidade das igrejas e a aura diferente que têm levaram-me a pensar 'Deve ser giro acreditar nisto e rezar nestes sítios'. Por outro lado pensei 'deve ser giro sim, mas eu não consigo'. Apesar de ter crescido numa família católica sou ateia e, embora use como argumento mais fácil para quem contesta o meu ateísmo o facto da Igreja fazer o contrário daquilo que (supostamente) Jesus Cristo ensinou ou mesmo o facto de Jesus ser judeu ortodoxo e não ter dito metade do que dizem que ele disse (evidências históricas), a verdade é que estes são argumentos mais fáceis de explicar e menos difíceis de ser 'atacados', no fundo o que me leva a não acreditar é a falta de fé. E a fé é sempre a base de qualquer crença. Tendo crescido numa família religiosa nem sempre fui assim, em pequena cheguei a ir à catequese (fui um dia, por vontade própria, e nunca mais lá voltei), rezava algumas vezes à noite e lia passagens da Bíblia da minha avó.
Contudo, conforme fui crescendo fui começando a questionar. E quando se questiona e não se encontram respostas é difícil manter a fé. Algumas pessoas dizem-me 'eu por vezes também duvido que deus exista, quando as minhas preces não são atendidas, mas há que ter fé'. Não falo deste tipo de questões, falo na racionalização da coisa. Não me faz sentido haver uma entidade superior que nos criou, a ciência contraria esta ideia com factos, com provas. Quando comecei a estudar filosofia a coisa piorou - passei a ver a religião como uma resposta à fraqueza das pessoas, é mais fácil acreditarmos que alguém lá em cima olha por nós do que sermos sempre responsáveis por nós próprios. É este ponto que se torna complicado para mim o acreditar que há de facto um deus, é esta fé que me foi incutida pelos meus pais mas que nunca consegui interiorizar por completo.
No fundo, a fé é a ausência de racionalização, a crença sem questionar, e eu não consigo deixar de questionar, de racionalizar, logo não consigo ter fé.
Mais uma vez a questão da homosexualidade volta a estar em destaque e, como já vem sendo habitual, não é pelas melhores razões. Pois que um advogado na Califórnia avançou com uma proposta de lei (que podem ver aqui) que prevê a morte de gays e lésbicas. Com um tiro na cabeça. Coisa pouca! Numa altura em que todos os dias aparecem notícias de execuções do ISIS que chocam o mundo, aparece este perfeito anormal a sugerir a execução de homossexuais.
As questões da orientação sexual chateiam-me. Chateiam-me porque o que me interessa se A, B ou C dormem com um homem ou com uma mulher? Eu sou heterossexual, gosto de homens, ficava bastante chateada se alguém me dissesse 'Olha agora tens de passar a gostar de mulheres, é o que está certo'. Nada contra quem gosta, mas não faz o meu estilo. Logo, porque é que a sociedade se arroga o direito de definir quem gosta do quê?
Falemos dos dois argumentos mais usados. Deus não permite. Oi? Quem é Deus? Eu não sei, nunca o vi nem sequer acredito que exista. Mas mesmo que exista, nunca ninguém o ouviu dizer isso, nem ele tem mais direitos sobre mim do que eu. É contranatura. Não, não é. Os golfinhos fazem parte da natureza, apesar de procriarem com golfinhas têm sexo por prazer entre golfinhos, entre machos. Dado que o sexo não é exclusivamente para procriar, mas maioritariamente por prazer, qual é a parte contranatura de se obter prazer da forma que mais se gosta? Se até os animais têm relações dentro do mesmo sexo porque é que os humanos gostam de catalogar e definir o que é certo e errado? Para mim, errado é matar. Nomeadamente com um tiro na cabeça.
Estas manias de definir certos e errados dão cabo de mim. Ide obter prazer com quem gostais e deixai que os outros o obtenham como melhor lhes aprouver.